Em São Paulo, ganhou peso a ocupação de faculdades. A mais prolongada
foi a da Filosofia da USP, que durou de junho a outubro e contou com o apoio de
parte importante dos professores. Os estudantes acamparam no prédio da Rua Maria Antônia, transformado em república livre. Ali faziam as refeições, dormiam e
organizavam atividades culturais, cursos abertos sobre marxismo, filosofia,
história da arte, conferências de todo tipo. E debatiam a reforma universitária
em comissões paritárias de estudantes e professores.
A Maria Antônia foi a mais completa expressão brasileira do espírito
de 1968. Virou Meca de peregrinação para atores do Oficina e do Teatro de
Arena, intelectuais, artistas e músicos. Improvisavam-se shows, espetáculos
teatrais, performances. Era uma festa, na qual não faltavam festivais,
exposições, cineclube. Centenas de estudantes de outras faculdades (e até de
outros Estados) vinham participar daquela experiência. Nas paredes do prédio,
uma frase pichada integrava-se ao clima geral de liberdade e contestação:
“Virgindade dá câncer”
José Dirceu, então presidente da UEE (União Estadual de Estudantes) praticamente se instalou na Maria Antônia, onde se mostrou
muito ativo na “prevenção do câncer”. Entre os seus “casos” durante a ocupação
o que mais deu o que falar envolveu uma moça chamada Heloísa, que na verdade
era agente do DOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), a
polícia política. Descoberta, ela foi obrigada a entregar a chave de seu
apartamento e lá os estudantes encontraram cópias de relatórios e nomes de
outros infiltrados. Depois, numa operação de propaganda, entregaram a moça ao
seu pai, que veio do interior. No movimento estudantil, Heloísa ficou sendo
conhecida como “Maçã Dourada”, seu suposto nome em código na operação que
envolvia sexo e espionagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário