O mais decisivo na preparação do golpe foi a atuação do governo norte-americano,
através de sua central de inteligência, a CIA, e do embaixador no Brasil,
Lincoln Gordon, possivelmente o que mais interferiu na política interna
brasileira de toda a história da diplomacia. A CIA, que atuava a partir de
bases em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, articulava-se com os
militares golpistas. Durante o governo de John Kennedy, eles despejaram muito
dinheiro na campanha de desestabilização de Goulart, usando fachadas como o
IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que entre outras atividades
financiou candidatos da direita nas eleições de 1962, para governos dos Estados
e para o Congresso. Foi um investimento fundamental para o sucesso do golpe em
preparação, sobretudo no Rio Grande do Sul, onde se elegeu Ildo Meneghetti,
cuja presença no governo estadual minou a resistência gaúcha em 1964.
Esses fatos, que por muito tempo os militares classificaram como
calúnias, estão atualmente comprovados por documentos do governo dos Estados
Unidos, abertos aos pesquisadores depois que venceu o prazo em que deveriam
permanecer secretos. O que veio à luz inclui até mesmo gravações de conversas
telefônicas entre o embaixador Lincoln Gordon e Kennedy, nas quais este deixa
clara sua determinação em derrubar Jango. Para o presidente norte-americano, se
o Brasil caísse “nas garras do comunismo” não seria uma nova Cuba no
continente, “mas uma nova China”.
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