Naquele ano de 1969, ocorreu a maior expropriação de toda a história da luta
armada no Brasil: o roubo do cofre de Adhemar de Barros. Foi a mais espetacular
ação da recém criada VAR-Palmares, o grupo de Dilma Roussef, formado pela
junção da VPR e do Colina.
Político que primeiro encarnou o slogan “rouba mas faz”, Adhemar havia
morrido em março daquele ano, deixando uma fortuna em dinheiro vivo de origem
duvidosa. Parte desse dinheiro estava em um cofre, guardado numa casa do bairro
Santa Teresa, no Rio, onde moravam parentes de sua ex-secretária Ana
Capriglioni, que havia sido sua amante, segundo o que se comentava. Um sobrinho
de Ana, ligado à VAR-Palmares, revelou a existência do cofre.
No dia 18 de julho de 1969, um comando da VAR tomou a casa de Santa
Teresa. Eram 11 homens e duas mulheres, que se apresentaram como agentes da
Polícia Federal em busca de material subversivo, tendo metralhadoras como
credencial mais importante. O cofre, pesando uns 200 quilos, estava no andar
superior. Colocá-lo em um carrinho até que não foi difícil. O problema era a
escadaria. Acabou se desequilibrando e rolou até o térreo, arrebentando os
degraus de mármore na descida.
Seguiu numa camionete para Jacarepaguá, providenciando-se um maçarico
para abri-lo. Feito o primeiro furo, o interior do cofre foi inundado com
água. Não se podia correr o risco de
queimar o dinheiro. O trabalho prosseguiu com a expectativa de todos. Quanto
haveria no cofre? Quem sabe uns 100 mil dólares, o que já seria um feito e
tanto? Havia muito mais. Quando finalmente o aço foi rasgado, apareceram
boiando maços e maços de dólares. E, à medida que se punha aquela fortuna para
secar e se contavam as notas, a surpresa era ainda maior. A operação rendeu 2,6
milhões de dólares, que se convertidos para valores de 2013 somariam mais de R$
30 milhões. À polícia, os donos da casa declararam que o cofre continha apenas
documentos.
Esse tesouro poderia permitir à VAR-Palmares
manter sua estrutura e ainda organizar a pretendida guerrilha rural, sem
precisar mais se arriscar em assaltos. Mas foi justamente a perspectiva de
partir para ações armadas no campo em curto prazo que detonou um racha na
organização. Parte dos militantes, incluindo o capitão Lamarca, saíram para
recriar a VPR e preparar a guerrilha, enquanto a VAR mantinha a proposta de
reforçar sua estrutura nas cidades e de ganhar militantes operários. Cada uma
das alas ficou com metade do dinheiro.
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