quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O cofre de Adhemar de Barros

Naquele ano de 1969, ocorreu a maior expropriação de toda a história da luta armada no Brasil: o roubo do cofre de Adhemar de Barros. Foi a mais espetacular ação da recém criada VAR-Palmares, o grupo de Dilma Roussef, formado pela junção da VPR e do Colina.
Político que primeiro encarnou o slogan “rouba mas faz”, Adhemar havia morrido em março daquele ano, deixando uma fortuna em dinheiro vivo de origem duvidosa. Parte desse dinheiro estava em um cofre, guardado numa casa do bairro Santa Teresa, no Rio, onde moravam parentes de sua ex-secretária Ana Capriglioni, que havia sido sua amante, segundo o que se comentava. Um sobrinho de Ana, ligado à VAR-Palmares, revelou a existência do cofre.
No dia 18 de julho de 1969, um comando da VAR tomou a casa de Santa Teresa. Eram 11 homens e duas mulheres, que se apresentaram como agentes da Polícia Federal em busca de material subversivo, tendo metralhadoras como credencial mais importante. O cofre, pesando uns 200 quilos, estava no andar superior. Colocá-lo em um carrinho até que não foi difícil. O problema era a escadaria. Acabou se desequilibrando e rolou até o térreo, arrebentando os degraus de mármore na descida.
Seguiu numa camionete para Jacarepaguá, providenciando-se um maçarico para abri-lo. Feito o primeiro furo, o interior do cofre foi inundado com água.  Não se podia correr o risco de queimar o dinheiro. O trabalho prosseguiu com a expectativa de todos. Quanto haveria no cofre? Quem sabe uns 100 mil dólares, o que já seria um feito e tanto? Havia muito mais. Quando finalmente o aço foi rasgado, apareceram boiando maços e maços de dólares. E, à medida que se punha aquela fortuna para secar e se contavam as notas, a surpresa era ainda maior. A operação rendeu 2,6 milhões de dólares, que se convertidos para valores de 2013 somariam mais de R$ 30 milhões. À polícia, os donos da casa declararam que o cofre continha apenas documentos.
Esse tesouro poderia permitir à VAR-Palmares manter sua estrutura e ainda organizar a pretendida guerrilha rural, sem precisar mais se arriscar em assaltos. Mas foi justamente a perspectiva de partir para ações armadas no campo em curto prazo que detonou um racha na organização. Parte dos militantes, incluindo o capitão Lamarca, saíram para recriar a VPR e preparar a guerrilha, enquanto a VAR mantinha a proposta de reforçar sua estrutura nas cidades e de ganhar militantes operários. Cada uma das alas ficou com metade do dinheiro.

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